Cozinha hospitalar: os desafios nos bastidores do cuidado com a alimentação do paciente

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Humanização, segurança do paciente e sustentabilidade orientam o funcionamento do serviço na unidade

Até hoje muitas pessoas usam a expressão “comida de hospital” para falar de refeições que acham insossas ou com pouco sabor. Mas engana-se quem pensa assim. No HMA – Hospital Municipal de Araguaína, no Estado do Tocantins, por exemplo, a feijoada e a costelinha fazem sucesso entre colaboradores, pacientes e acompanhantes. Isso para falar só de dois pratos do cardápio do hospital.

A cozinha do HMA é responsável pelo preparo e distribuição de mais de 20 mil refeições por mês. Esse volume é distribuído entre duas unidades públicas de saúde gerenciadas pelo ISAC – Instituto Saúde e Cidadania em Araguaína: o próprio HMA e a UPA – Unidade de Pronto Atendimento Anatólio Dias Carneiro. Agora, com a abertura do PAI – Pronto Atendimento Infantil, o quantitativo de refeições será ainda maior.

O setor funciona 24 horas, nos sete dias da semana, e envolve o trabalho de 18 profissionais. A equipe do SND – Serviço de Nutrição e Dietética é coordenada pelo nutricionista Eduardo Campos.

Segundo ele, os cuidados com a alimentação são tão importantes para a recuperação do paciente quanto as demais condutas adotadas no plano terapêutico, como os medicamentos.

“Com uma nutrição adequada e harmoniosa, conseguimos auxiliar na redução do tempo de permanência, ofertando nutrientes, vitaminas e minerais que o paciente irá precisar para manter seu funcionamento da melhor maneira possível. Considerando o paciente internado, isso é fundamental para ajudar na recuperação, pois muitas doenças podem aumentar, diminuir ou requerer uma demanda nutricional específica”, explica o nutricionista.

Para cada paciente, um tipo de refeição

Na assistência à saúde, o atendimento deve ser individualizado, inclusive quanto à alimentação. Nas cozinhas das unidades ISAC, as refeições seguem as dietas prescritas pelos nutricionistas e estão relacionadas ao quadro de saúde do paciente.

Para pacientes com alergia alimentar, por exemplo, a equipe toma cuidado para evitar qualquer contaminação, inclusive separando utensílios para deixá-los livres da substância ou do alimento alergênico.

Na prescrição, preparo e distribuição, todos que atuam no setor são envolvidos nesse cuidado. Primeiro, os nutricionistas fazem a avaliação do paciente, elaboram o plano terapêutico e criam o mapa da dieta, colocando nome do usuário, leito, idade e o tipo de refeição. Se o paciente for diabético, hipertenso, intolerante a lactose ou tiver restrição a qualquer nutriente, a informação estará descrita nesse documento.

É a partir disso que as cozinheiras entram em ação nas unidades ISAC. Luzia Batista é uma delas. Há dez anos ela cozinha para pacientes, acompanhantes e colaboradores do Hospital Municipal de Araguaína.

Luzia comanda o fogão da cozinha hospitalar com outras duas colaboradoras. Quando está de plantão, só ela cozinha 15 quilos de arroz, sete de feijão e 55 de proteína.

“Cozinho desde os 12 anos. Aprendi com o meu pai. Eu sei que minha função é importante porque a comida é um dos principais meios de recuperação do paciente. Aqui a gente não usa tempero industrializado, a comida é boa e todo dia é um cardápio diferente”, comenta a cozinheira.

Checagem dos dados para entrega segura

A comida ficou pronta? É hora de separar as refeições com muita atenção. A identificação do paciente é fundamental para que o alimento chegue à pessoa certa. Para isso, a equipe confere o nome do usuário no mapa de prescrição e cola a etiqueta com a informação na tampa da embalagem.

Durante a entrega nos quartos, os auxiliares de cozinha fazem uma nova checagem para garantir que o paciente, o leito e a dieta estão corretos. Esse processo segue o Protocolo de Identificação do Paciente, uma das metas internacionais de Segurança do Paciente, evitando danos à saúde dos usuários.

Treinamentos periódicos reforçam boas práticas

Para atender os Protocolos de Segurança do Paciente e as normas técnicas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, os profissionais da cozinha hospitalar nas unidades ISAC fazem cursos e treinamentos periodicamente, como o de boas práticas de manipulação.

Quem cuida das dietas enterais também segue cuidados rigorosos. Elas são dietas líquidas prescritas para pacientes que se alimentam por sonda. Durante os treinamentos, as equipes são orientadas sobre os riscos do preparo inadequado, a importância da esterilização dos utensílios e a circulação restrita no setor. Isso é necessário para evitar contaminação.

Projetos especiais ampliam atendimento humanizado

Com o intuito de tornar o atendimento mais humanizado, o HMA desenvolve diversas iniciativas relacionadas à nutrição. Uma delas é o projeto “Hoje é meu aniversário”, que celebra a vida de quem passa o aniversário internado na unidade.

Durante a comemoração, as comidas são adaptadas de acordo com a dieta do paciente, como ocorreu com a pequena Sophia Emanuelly Gomes Matias. A paciente é diabética, mas ganhou bolo livre de açúcar.

Outra iniciativa liderada pelo Serviço de Nutrição e Dietética do Hospital Municipal de Araguaína é o programa Mini Chef, que a cada três meses, contribui para que as crianças incluam na alimentação frutas, legumes e verduras. Elas aprendem isso montando seus pratos. A ideia é que, brincando com as cores e formas dos alimentos, as crianças descubram um novo jeito de se alimentar.

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